terça-feira, 10 de abril de 2012

NOITES DE OUTONO I

Do fulgir do sol a alta-noite
Quero mais tempo para meu olhar
Enquanto, todos dormem
Vejo o céu que resvala
Na noite que lavra minhas palavras
Na noite que abre as asas 
E voa dos meus olhos
Levada pelo vento dos sonhos
Entre conchas desses sonhos
E areias de pensamentos
Ao som embevecido
De ondas de um mar bravio
De desejos que rasgam
As súbitas noites de outono
Correm dos meus olhos, o sono
a divagar pelas vertentes 
Do meu pensar
Que sempre reverberou-me
Em meu silêncio 
No olhar tênue, trêmulas estrelas
Prisioneiras da solidão
Azuis e verdes
Violetas e vermelhas
No súbito  caleidoscópio 
Na imensidão dos céus
A pintar meu rosto
Em contrastes de cores
E banhar minhas palavras
Ao lume translucido do luar
Na clarividência
Do dia que presto virá


Rikardo Barretto



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