quinta-feira, 3 de julho de 2014

FOLHAS DE OUTONO

Debaixo das folhas
Que o vento de outono levou ao chão,
Jaz o passado inerte
Que, vez ou outra, fulgura no coração.
Bailam as folhas,
Ziguezagueando, sem rumo e direção.
Na bruma da noite,
Debruçam-se, em terna e doce canção.

Homens, também, são folhas
Mesmo na fuga da sua predestinação;
Mesmo com todos seus subterfúgios
E suas evasivas sem uma lógica conexão.
Homens são folhas que precisam de vida;
São crianças que precisam de proteção;
Tem o caminho e vão por trilhas errantes,
Sem saber, exatamente, aonde vão.

Há vida e saúde nas folhas,
Mesmo secas e caídas pelo chão.
Adubam as árvores dos sonhos,
Nutrem os solos da esperança contra a ilusão.
O mistério das folhas,
A poesia infinda, na plácida contemplação.
A mercê do tempo e espaço,
No ciclo virtuoso da renovação.


Rikardo Barretto