quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

DENTRO DE NÓS



A paz e o bem são quase sinônimos...
Não há o bem sem a paz, não há paz sem o bem.
A paz começa no interior, no cerne...
Só há paz externa quando advém do interior
Não há paz em um lar se ela não vir do interior de quem mora lá...
Nunca haverá paz no mundo se a paz não vir do interior de cada indivíduo,
Sendo assim, a paz coletiva é utopia...

Ouvimos muitos falarem de paz, mas sempre estão a espreitar o próximo.
Não se alegram com os com os que se alegram,
Pelo contrário, se regozijam com o infortúnio destes.  
Muitos ditadores perderiam feio se muitos “bonzinhos” estivessem em seus lugares...
Somos o reflexo do que temos no nosso interior...
Só oferecemos ao mundo o que temos no nosso interior,
Seja a paz ou a tempestade, o mal ou o bem.

Quantas pessoas são infelizes pelo simples fato
De não saberem que são inimigos da paz...
Retribuem o mal pelo bem, semeiam a ingratidão, amam a discórdia...
São egoístas, egocêntricos, invejosos e dizem buscar a paz...
São irreconciliáveis, intratáveis e individualistas, e dizem amar a paz...
São cobiçosos, avarentos e presunçosos e falam de paz,
Contudo as suas ações a refutam.

Todavia a paz está próxima, mas só será encontrada quando percebermos que
O Reino de Deus está dentro de nós...

Rikardo Barretto




segunda-feira, 29 de junho de 2015

terça-feira, 2 de junho de 2015

A SAGA DO POETA

Já não tão compreendido,
contudo, ainda mais resoluto, caminha o poeta...
Pelos campos de um ignoto tempo,
muitas vezes, solitário a caminhar...
Na cotidiana luta com as palavras
sua alma se aquieta.
No arrulho do seu coração a pulsar,
á poesia renasce - uma fonte a borbulhar.

Em qualquer barulho ou silêncio lampejante,
seu ensejo é insaciável.
Na persistência do seu indomável olhar,
o sonho interminável...

Tão docemente e contente,
sua dor e tristeza não o faz indiferente.
De pólo a pólo a caminhar, vais perdido de encanto
pelo lume das estrelas e do luar.
Sabe rir ou chorar,
saber que seu caminhar é para frente.
O mistério insigne do seu canto:
O eterno acreditar...

Rikardo Barretto

BARQUEIRO DO VELHO CHICO


Barqueiro do Velho Chico
Veleja nas águas que dançam
Sobre o sol do sertão
Do rio tira o seu sustento
A contento da sua alma
Agradece a provisão

Barqueiro do Velho Chico
Solitário na sua labuta
Segues com fé no coração
Tens a paciência pra entender
A ciência do templo
E dos ventos que lhe dão a direção

Barqueiro do Velho Chico
Rema nas límpidas águas
Cheios de calos as suas mãos estão
Nas terras sempre quentes
 Soprar a brisa fresca no rosto
Num ritmo duma canção

Barqueiro do Velho Chico
Com a alma em enlevo
Celebra a vida em profusão
Do rio que agoniza
E não perde a sua pujança
Mas que precisa de preservação

Rikardo Barretto Poesia e imagem 





quinta-feira, 28 de agosto de 2014

LIXO NO CARTÃO POSTAL



Lixo, lixo no cartão postal,
Mas está meio escondido não faz mal
Com seres humanos dependendo dele pra sobreviver
Há crianças, há também animais
Cachorros, urubus ou tanto faz
Ali é muito mais difícil a vida entender

No alto, cata-ventos geradores de energia
 E pinturas rupestres de outrora de longos dias
O passado e o presente formam um lindo postal
Todavia, em baixo dessas vertentes há pilhas de sujidade
Imundície, entulho quem adveio da cidade
Fetos, seringas com sangue e lixo de hospital

Não há como compreender tal contraste e descaso
Qual o valor de uma vida por acaso?
Não, meu espanto não é por haver o lixão
Muito menos por ser em um local histórico
Que hoje é mais que alegórico
Mas por vê vidas em sub-humana situação

Há lixo sim, há lixo no cartão postal
Há também vidas e pra muitos isso é normal
Há indiferença e esquecimento
E pouco se faz pelos nossos irmãos que lá estão
Do lixo tiram o sustento e sonham em vão
Todavia seguem com fé apesar do sofrimento

Rikardo Barretto



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

LUNÁTICO


Hoje ela apareceu luniforme
Com o mesmo fascínio de sempre...
Ela que encanta 
os corações enamorados,
Inspiram os poetas, os loucos,
Os desvairados e boêmios,
E embalam as serenatas
Dos perdidamente apaixonados...
E eles, os loucos...
Os enamorados...
E os poetas...
São seus habitantes mais ilustres,
Todavia nunca foram lá...
Pelo seu lume, entretidos estão,
Em tempo infinito...
Poesia em imagem...
Sonhos e canções...
Extravagantes cantam
Contemplando os céus...
Estão sujeitos as suas influencias
Como as plantas e o mar
E os ciclos das marés 
E suas ondas encapeladas...
E, assim, ela também me fascina,
Prende extremamente o meu olhar
E atrai a minh’alma bucólica
Tão facilmente
A ponto de me tornar também

 Mais um lunático.

Rikardo Barretto


quinta-feira, 3 de julho de 2014

FOLHAS DE OUTONO

Debaixo das folhas
Que o vento de outono levou ao chão,
Jaz o passado inerte
Que, vez ou outra, fulgura no coração.
Bailam as folhas,
Ziguezagueando, sem rumo e direção.
Na bruma da noite,
Debruçam-se, em terna e doce canção.

Homens, também, são folhas
Mesmo na fuga da sua predestinação;
Mesmo com todos seus subterfúgios
E suas evasivas sem uma lógica conexão.
Homens são folhas que precisam de vida;
São crianças que precisam de proteção;
Tem o caminho e vão por trilhas errantes,
Sem saber, exatamente, aonde vão.

Há vida e saúde nas folhas,
Mesmo secas e caídas pelo chão.
Adubam as árvores dos sonhos,
Nutrem os solos da esperança contra a ilusão.
O mistério das folhas,
A poesia infinda, na plácida contemplação.
A mercê do tempo e espaço,
No ciclo virtuoso da renovação.


Rikardo Barretto







sábado, 5 de outubro de 2013

POETAS NASCEM POETAS (O DOM DA POESIA)


   Se o dom da poesia não vier da alma, por mais que uma pessoa seja culta ou tenha um vasto conhecimento sobre diversas áreas, ainda assim, não irá compreendê-la a ponto de amá-la. Poetas nascem poetas, mas só com o passar do tempo descobrem a poesia inerente na alma, que inefavelmente vai se revelando, gradativamente, quase imperceptível, até que, a poesia lhe abrace e lhe envolva por completo e, assim, queira externá-la e exprimi-la, seja da forma que for. A poesia é atemporal, no olhar receptor e n’alma transmissora do poeta; em um toque ou em um aperto de mão; no aconchego de um abraço caloroso; no encontro de dois olhares que se alheiam ao mundo ao seu redor. O dom da vida e o dom da poesia se entrelaçam, se confundem, são irmãos, vem do mesmo berço, nasceram do seio do eterno.

   Poetas nascem poetas e as suas poesias nem sempre são as da literatura, os seus poemas nem sempre são encontrados em livros ou bibliotecas, isso é apenas parte do que eles conseguem expressar. A poesia transcende a escrita e as palavras, e a vida é repleta de retratos poéticos onde o olhar apurado do poeta, raramente, deixa passar despercebido. Há poetas que não sabem que são poetas, pois o ser poeta é um estilo de vida. Não precisa, necessariamente, saber ler ou escrever pra ser poeta. A poesia se revela de relance, simples e espontânea. Difícil dizer o que não é poesia na vida e que o coração do poeta, inexoravelmente, inexplicavelmente insiste em subentendê-la.  

   A poesia é a própria vida do poeta, um reduto da liberdade n’ alma, entranhável no mais profundo do seu ser. A poesia, amorosamente, acalenta o coração humano, e, ao adentrá-lo, torna-o mais amável. Seja na loucura ou na lucidez do poeta, lá está a poesia; no sorrir e na dor enxerga, extrai e lapida a poesia; no lacrimejante olhar, nas lágrimas a cair não deixa de ser mais poesia na sua vida. No olhar poético vislumbra a poesia, onde os normais enxergam apenas o superficial; na observação da vida, contempla o belo, o singelo, sabe que a poesia às vezes se encontra camuflada nos pequenos detalhes do cotidiano. Poetas sabem que a poesia é vida com toda complexidade, com toda exuberância e com toda profusão de vida. 

Rikardo Barretto Poesia e imagem Todos os direitos reservados ©



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ABRAÇO DA NOITE

Sinto-me em mim,
No abraço que a noite,
Ternamente, me dar.
No seu seio cheio de mistérios,
Resvalam as horas
E traz a plácida madrugada
Imensa de enigmas e riquezas...
Tal é o silêncio
- Ouço meus pensamentos
Em um sobre-humano
E atemporal instante
(Como névoa da aurora
Aureolando meu olhar
A vê-me, a mim mesmo,
Em profícua e recrudescente reflexão)
Vejo-me em mim,
Ora instável, ora absoluto.
Em um retrato lancinante
E abstrato do meu ser interior.
No noturno momento,
 no ardor de tal abraço
Vocifera a solidão 
Em rio transbordante,
Em correntes de melancolia e tédio.
E os audíveis e os quase 
Imperceptíveis sons da noite
Vibram, dispersam-se...
Transpõem os campos 
E os montes e enredam-se,
Perspectivam-se 
Inerentemente arrefecidos
Sobre a imensidão de lúrido horizonte.
E nesse amplexo complexo
Contemplo os céus, 
Miro o longínquo.
Vejo as raízes etéreas 
Das cintilantes estrelas
Arraigando-se no solo do meu coração

Rikardo Barretto






quinta-feira, 9 de maio de 2013

NOITES DE OUTONO II

No transitório silêncio
Em minha'alma
À mercê do tempo e das horas 
Porém ao meu bel-prazer
Arrebatado sou no regaço da noite
Aquém de devaneios 
De um sobre-humano olhar
Além de desvairados pensamentos
Sob o fulgor das estrelas
E do luar de outono
Desentranho-me em meus intrínsecos
Segredos e mistérios
Envolvendo-me, 
Abraçando-me a noite
Nas suas reentrâncias inefáveis 
Eleva-me a incertos desígnios 
E ensina-me sem qualquer palavra
No voo do pássaro noturno
Nos campos cobertos pelo breu
De mais uma noite de outono
Avisto ao longe
No horizonte quieto
O lume translucido das luzes 
Da cidade
Tácito as observo
E assim fico por um certo tempo
inebriado e extasiado 
No tempo unânime e atemporal
No mais simples momento
De estimável valia 
Nessa cadência
Meus pensamentos vão sendo
Lavrados no absoluto
Silêncio da noite